Cristina Amaro
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A mão dura do DESTINO ou a subtil forma de fugir aos desafios

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A vida

A mão dura do DESTINO ou a subtil forma de fugir aos desafios

“Tens de te conformar”. “Eu disse que não devias fazer isso”. “És louco”. “É o destino”. Estas são algumas das célebres expressões que ouvimos vezes sem conta por parte de outras pessoas, normalmente amigos e familiares, quando algo nos corre mal como consequência de uma decisão que tomámos. Revê-se nisto?

Quando acreditamos que estamos a dar o passo certo, o mais adequado é mesmo tornar esse passo mais firme. Arriscar. Há coisas que vemos que os outros não veem. Um novo projeto, um amor possível, uma mudança de emprego, uma oportunidade de negócio. Porém, e isto devíamos saber à partida, nem tudo pode ser assim tão fácil como pensávamos que fosse. Afinal, o risco faz parte do sucesso.

Quando uma coisa corre bem, maravilha, somos os maiores. Mas quando algo nos falha, facilmente caímos numa ronda de vitimizações e flagelações contínuas. Esperar que dê certo à primeira e sem persistência é pôr-se a jeito para o fracasso.

“A nossa maior fraqueza está em desistir. O caminho mais certo de vencer é tentar mais uma vez.” – Thomas Edison

Há muitas formas de ver a vida e todos nós temos a nossa. Mas também é uma realidade o facto de irmos mudando as lentes à medida que as situações vão acontecendo. Somos mestres em desacreditar quando as coisas correm mal. Culpamos o destino, os outros, o universo, Deus e mais uma porção de coisas, pessoas e conjunturas. É neste preciso momento que vamos ao nosso “saquinho de desculpas” e retiramos uma. Normalmente, a que sai mais é a da dura mão do destino.

Por que razão há pessoas que conseguem atingir o sucesso e outras não? Será apenas uma questão relacionada com o tipo de personalidade ou será também uma questão de atitude? Aquela atitude em que nos resignamos com o que está menos bem, trabalhamos numa alternativa e assumimos a responsabilidade da mudança?

Estamos rodeados de possibilidades e de oportunidades que reclamam, constantemente, a nossa atenção e intervenção. O que tem isto a ver com o destino? A meu ver, muito pouco. 

Se arcarmos com a responsabilidade da nossa vida, teremos de interceder. De criar, de nos chegarmos à frente para vermos melhor, de saber distinguir, por entre as nossas decisões, os nossos pontos de fuga. Aqueles pontos em que optamos por culpabilizar o destino pelas nossas não-escolhas.

Acredito que temos a capacidade de alavancar a vida da forma que ambicionamos. Há fatores externos que têm o seu peso. Mas na maioria das vezes preferimos atribuir a culpa ao destino quando, na verdade, estamos a fugir à responsabilidade.

A energia que investimos em aperfeiçoar a fuga é muito superior àquela que utilizamos para dar a volta às situações pela verdade. A nossa verdade. A fuga traz consigo a mentira. A mentira que tem cravada na sua face o nosso medo de seguir em frente. O lado negro de não estarmos, verdadeiramente, comprometidos com os resultados que queremos.

Se procura o sucesso esteja preparado para falhar. Porque, a determinada altura, irá mesmo fracassar. E é neste momento que terá de provar a si mesmo o que realmente quer.

“O sucesso é ir de fracasso em fracasso sem perder o entusiasmo.” – Winston Churchill

O destino, arrisco a dizer, é uma ilusão com uma ponta de verdade. A ilusão de que, nos momentos-chave, nada depende de nós e a verdade de que os fatores externos continuarão a existir.

A mão dura do destino estará sempre preparada para lhe fazer parar. Opiniões, ilusões, medos, até pequenas demonstrações. Tudo estará ao seu dispor se assim o quiser. Contudo, e se optar por acreditar que os seus objetivos não se materializam por culpa do destino, sinta se não está somente a fugir.

Para lhe amparar nesta caminhada, por vezes repleta de tentações, sugiro-lhe dois dos livros que mais me ajudaram e ajudam os meus clientes.

“O Mágico Que Não Acreditava em Magia”, de Pedro Vieira, e o “Abre”, de Mário Caetano.

A primeira leitura brinda-nos com a história de Peter que, ao longo do livro, procura responder, para mim, a uma das questões mais entusiasmantes que nos podem colocar: “se pudéssemos escolher o nosso destino, qual seria?”. 

Estaremos assim tão longe e será assim tão difícil aceitarmos o destino como apenas uma verbalização das nossas intenções? Na verdade, a magia só acontece porque lhe damos a possibilidade de acontecer. Tal e qual como a vida. Que possibilidades de sucesso está a dar à sua vida?

No livro “Abre” temos acesso a 199 mensagens que nos farão refletir e mudar de perspetiva de forma a resgatarmos o poder pessoal e, por isto mesmo, a nossa capacidade de decisão. Através das janelas que se vão abrindo somos levados a equacionar, a intervir, a assumir a derradeira das responsabilidades: a de criarmos o nosso próprio destino.

Se um dia ouvir-se a dizer que a culpa é do destino, não se retraia. Continue. Possivelmente estará em modo de fuga e quem sabe, se o melhor não está apenas a um passo. Não se esqueça que somos muito bons a desistir quando estamos muito perto.

Desejo-lhe momentos inspiradores.

Boas Leituras,

César Ferreira
Biblioterapeuta e Reading Coach

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